domingo, 28 de dezembro de 2008

sobre a estranha situação do elefante

seu nome era joaquim garbusco, mas ele também era conhecido como "pavio". não mentirei para vocês, ele era assim chamado por um único motivo: eu o quis dessa forma.
como autor, locutor e genioso por natureza, sinto que é meu dever avisá-los de antemão: minha vontade será magnânima e a explicação para diversos eventos bizarros que acontecerão nas próximas linhas. outro dia mesmo, eu analisava, sabe-se lá deus por quê, a palavra "pavio" e decidi que seria um apelido peculiar para alguém. como alguém eu não poderia criar, decidi escrever um breve conto sobre o jovem joaquim, estudante e preguiçoso, apelidado de pavio. talvez sua mãe tenha o chamado assim por algum motivo obscuro, talvez tenha sido algum amigo malicioso, o fato é que eu não me importo.
pavio acordou certa manhã e observou que havia algo de errado com seu quarto, algo que não se encaixava à habitual paisagem composta por seu guarda-roupas bege, sua escrivaninha de compensado e seus pôsteres de filmes coreanos. o objeto que distoava do mundano era um enorme elefante acinzentado que comia tranquilamente o que parecia ser um bambu. tudo bem, não era um objeto, era mais um gigantesco paquiderme com olhar tolo e despreocupado.
pavio não sabia como lidar com esta situação. quero dizer, o que haveria alguém de fazer ao acordar e se deparar com um elefante em seu quarto? por um breve tempo, pavio e o animal se encararam e se analisaram à distância, sem imaginar que tudo isso era a mais pura obra de um autor frustrado e insône, que decidira tomar mais uma taça de vinho antes de se retirar aos seus próprios aposentos.
infelizmente, a taça de vinho (periquita, português, tinto seco. recomendo, aliás) acabara, e deixara o jovem escritor e locutor desse estranho conto em uma sinuca de bico. deveria ele continuar a escrever e se arriscar a um final infeliz e sem sentido ou simplesmente jogar a toalha a admitir que toda essa situação, todas estas palavras não passaram de um capricho seu, uma simples desculpa para escrever sobre um personagem conhecido como pavio que acordou certa manhã com um elefante em seu quarto?
sim, talvez a segunda opção pareça mais tentadora aqui, colocada em palavras. sim, acho que esse conto realmente foi apenas para a realização de um desejo incomum. na verdade, esse conto não era nada demais, mal tinha um começo, não deve merecer um fim. na verdade, e cito luís fernando veríssimo agora, este conto termina aqui.

2 comentários:

V L O disse...

nao sei porque, mas esse conto me lembro a metamorfose, do kafka.



(tá, eu sei porque, mas achei que ficaria melhor começar o comentário dessa maneira)

beijos japoneses =**

Anônimo disse...

periquita!

quase li em tempo.
haha