eram cinco, mas já haviam sido três.
mudaram-se para lá logo após a cerimônia e, por um tempo, existiu a felicidade. felicidade que cresceu quando, com o passar dos anos, juntaram-se a eles os outros dois, que encheram de vida o local. e nada parecia dar errado.
no entanto, a convivência foi se tornando difícil, dura, áspera. o ar se tornara carregado de palavras curtas e ríspidas e o clima só se dissipou quando o primeiro foi embora.
com a normalidade, os quatro restantes conseguiam ver o futuro novamente, um futuro que não tardaria a chegar. assim, com os sonhos e ambições, o segundo se foi. mesmo que seu coração desejasse alguns segundos a mais.
algumas estações haviam se passado e era chegada a hora do destino seguir seu rumo. as desculpas para ficar não sobrepunham as oportunidades de seguir em frente, e foi com lágrimas nos olhos que o terceiro partiu.
restavam, assim, dois.
mas os dois não eram mais suficientes um para outro. o vazio deixado era muito grande e o pó assentava sobre as lembranças. não havia mais motivos para se ater a dias que não voltariam. o quarto deles manteve um breve olhar de adeus pela porta entreaberta antes de embarcar para sua última jornada.
assim ficamos agora com o último. aquele que nunca poderia partir. aquele que nunca se esqueceria, mesmo que as marcas deixadas fossem cobertas por tinta e argamassa. nada restava da família que ali morara, que ali compartilhara segredos e mistérios de uma vida inteira. sua existência se manteria real e eterna, como parte dos tijolos das próprias paredes. as paredes que sobravam, em um apartamento abandonado.
O novo mandamento
Há 5 anos
Um comentário:
É isso aí meu chapa, como diria Vinícius, "a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros na vida..."
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