segunda-feira, 20 de outubro de 2008

sobre pensamentos IV - os clichês de um desabafo

recentemente, passei por uma situação de confronto direto. não fui capaz de seguir em frente, e desde então não tenho conseguido fazer as pazes comigo mesmo. tenho dito que as coisas fugiam ao meu controle, que não havia como encará-las, talvez esse seja o motivo da minha inquietação. isso pois tudo é uma grande mentira. e não posso ignorar o fato de que não há mentira pior do que as que contamos para nós mesmos.

com isso, venho aqui pedir perdão por este texto, que deve fugir do padrão e do conceito estabelecido desde o começo deste meu "projeto". assim será, porque esta é a primeira publicação muito mais voltada para mim mesmo, para minha paz interior, do que para os leitores. assim, minhas mais sinceras desculpas.

tenho minha história, como todos vocês. sempre evitei tratá-la como algo a ser divulgado ou contado neste blog, mas creio que não há como dar fundamento a tudo o que será dito sem que antigos fantasmas sejam trazidos à tona, licença seja dada ao clichê.

o caso é que eu posso ver, talvez verdadeiramente pela primeira vez, o quanto mudei nestes últimos meses, e o quanto eu venho lutado para que isso não acontecesse. tenho lutado tanto que até minto para mim mesmo, muitas vezes.

sabem, não sou tão velho assim, nem ao menos saí da adolescência, mas já há momentos do meu passado que olho com certo saudosismo. sei o quanto isso não é saudável em alguém que nem entrou na casa dos vinte anos, mas não consigo evitar.

tive uma infância comum, cheia de desenhos, brincadeiras, correrias e amores. no entanto, há parte desse passado que não deixo ficar tão transparente para quem me conhece, um lado que eu preferia que nem soubessem.

e é esse meu lado que fica martelando minha mente desde o confronto citado no início deste relato. nunca fui alguém de ignorar um embate. cacete, nunca fui alguém nem de deixar passar uma boa briga, e tenho as cicatrizes para provar. talvez não cicatrizes no termo literal, mas meu corpo certamente exibe as marcas de um passado do qual, vendo agora, não me pertence mais. em contrapartida, não posso dizer que sinto vergonha.

mas confesso que, desta vez, fiquei com o orgulho ferido. e, pra piorar, por motivos opostos: primeiro porque me sinto covarde por ter deixado passar a situação de cabeça baixa. segundo porque não deveria me sentir assim. não é covardia renegar um passado que seja infantil e imaturo. na verdade, vejo agora o quanto alguém tem de se orgulhar em perceber que cresceu, que a vida finalmente atingiu certo propósito.

talvez isso seja tudo resultado do meu aniversário que se aproxima. talvez seja apenas besteira criada por uma insônia. ou talvez seja tudo verdade.

de qualquer forma, obrigado. escrever tudo isso me ajudou a colocar as idéias no lugar, embora possa não parecer.

às vezes é bom se lembrar com saudosismo do passado, não me envergonho das coisas que fiz. até fico feliz em lembrá-las. mas tenho ainda mais orgulho em saber que elas ficaram para trás, e que eu tenho toda uma vida com novos atos e atitudes pela frente, licença seja dada ao clichê.

3 comentários:

Paulinha disse...

Como diria Nando Reis: "é bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer..."

Assino em baixo aí nos pensamentos e é com orgulho que me vejo hoje, no dia do meu aniversário. =)

bjos grandes!
=*

Luan disse...

Resolvi parar e ler.

Gabriela disse...

acho que de certa forma divido com você essa sensação esquisita de olhar para tras com um certo saudosismo, mas acho que a vida é assim mesmo e uma hora ou outra aconteceria.

gostei, gostei mesmo da forma que escreveu.

beijo, papis.